segunda-feira, 11 de março de 2013

A primeira frase...

Postado por Alexandre Panosso Netto

Algumas vezes escutamos que a primeira frase de um livro é a que segura o leitor até a última.
Pensando nisso, e impactado pela primeira frase de Memórias de minhas putas tristes, de Gabriel García Márquez, que acabei de ler - "No ano de meus noventa anos quis me dar de presente uma noite de amor louco com uma adolescente virgem"- resolvi buscar as primeiras frases de alguns livros que tenho aqui em minha estante.
Segue a pequena lista de jóias literárias.

"Este livro destina-se aos homens mais raros." - Nietzsche - "O anticristo".

"Comum no sangue, querida irmã, caríssima Ismene, sabes de algum mal, dos que nos vêm de Édipo, que Zeus não queira consumar em nossas vidas?" - Sófocles - "Antígona".

"Tarde implacável, estrada mais implacável ainda, desbotada sob um sol de tempestade, os veículos pesados fazem turbilhões de pó de arroz valsar; trata-se do reino sinistro do esbranquiçado." Jean-Paul Sartre - "A rainha albemarle ou o último turista".

"Um cientista, seja teórico ou experimental, formula enunciados ou sistemas de enunciados e verifica-os um a um." - Karl Popper - "A lógica da pesquisa científica".

"Aqui embaixo na terra escura
antes de irmos todos para o céu
Visões da América
Todas essas caronas
Todos esses regressos
à América
Via fronteiras mexicanas & canadenses..." Jack Kerouac - "Viajante solitário".

"Toda arte e toda investigação, bem como toda ação e toda escolha, visam a um bem qualquer; e por isso foi dito, não sem razão, que o bem é aquilo a que as coisas tendem." - Aristóteles - "Ética a Nicômaco".

"Somos um planeta vivo, Sofia." - Jostein Gaarder - "O mundo de Sofia".

"Embora nosso tempo se arrogue o progresso de afirmar novamente a 'metafísica', a questão aqui evocada caiu no esquecimento." - Martin Heidegger - "Ser e tempo" (volume 1).

"Hoje mamãe morreu." - Albert Camus - "O estrangeiro" (para mim essa a frase de maior impacto de todas; aliás, o protagonista é condenado porque não chorou no velório da mãe...).

"Até ali os tambores da Casa-Grande das Minas tinham seguido seus passos, e ele via ainda os três tamboreiros, no canto esquerdo da varanda, rufando forte os seus instrumentos rituais, com o acompanhamento dos ogãs e das cabaças, enquanto a nochê Andreza Maria deixava cair o xale para os antebraços, recebendo Toi-Zamadone, o dono do lugar." Josué Montello - "Os tambores de São Luis".

Um comentário:

Manuel Alector Ribeiro disse...

Alexandre obrigado pelas belas frases de grande génios da filosofia. Permita-me, mas a minha preferida é a de Nitzsche que a meu ver seria mais intendível se se escrevesse o parágrafo todo do préfácio do livro o Anticristo.

‎"Este livro destina-se aos homens mais raros entre todos.
Talvez nem sequer possa encontrar um único.
Esses seriam os que compreendem o meu Zaratustra.
Como poderia eu misturar-me com aqueles a quem
hoje se presta ouvidos? - Só o futuro me pertence.
Há homens que nascem póstumos".

F. Nitzsche.

Grande abraço.