sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Fim de ano...

Postado por Alexandre Panosso Netto

O recesso de fim de ano é sempre bom para analisarmos o que de bom fizemos nos últimos 365 dias...
Tenho minha lista de coisas interessantes que fiz este ano. Algumas ações desenvolvi por primeira vez. Segue minha listinha:

  • Colhi os primeiros cachos de uva que plantei em meu quintal. De quebra colhi também a primeira fruta (sim, só deu uma até agora...) da jabuticabeira que plantei há três anos lá em casa. Em poucos dias também colherei as primeiras romãs.
Produção nacional, aqui de casa, de uvas brancas.
  • Escalei um vulcão nevado (e dorminhoco).
  • Me diverti com um grupo de velhos conhecidos, agora amigos, degustando vinhos, tal como uma confraria.
  • Bati meu recorde de dias sem acesso à internet: foram nove. O record anterior era de 7 dias. O melhor é que nem pirei.
  • Recebi em minha casa uma plêiade de amigos do Brasil e de outros países. Quase todos degustadores de vinho e envolvidos com os temas dos estudos turísticos. Tinha gente dormindo até na sala.
  • Visitei todos os meus tios e tias, tanto por parte de meu pai (13), quanto de minha mãe (8).
  • Participei de uma grande, muito grande, festa de família.
  • Visitei primos que não via há mais de 20 anos.
  • Abracei, sem vergonha, as três pessoas que mais amo.
  • Bloqueie quem me enchia a paciência no Facebook.
  • Tomei banho de chuva.
  • Andei de bicicleta, coisa que não fazia há anos.
  • Dirigi um caminhão carregado na estrada (tenho habilitação de motorista para isso, tá).
  • Percorri a Rodovia Transamazônica, no Estado do Pará.
  • Dirigi um trator em meio à lavoura.
  • Fui pescar e tomei banho de rio.
  • Me surpreendi positivamente com a capacidade de trabalho em equipe com alguns colegas docentes da EACH-USP.
  • Visitei um lugar que sempre quis conhecer no Brasil.
  • Não engordei, nem emagreci.
  • Participei da elaboração de um projeto bem legal de turismo na EACH-USP.
Coisas que não consegui fazer:
  • Viajar menos.
  • Caminhar com mais frequência.
  • Não me aborrecer com as pessoas chatas.
  • Ler todos os livros que estavam na lista "para ler em 2012".
  • Saltar (novamente) de paraquedas e mergulhar no mar.
  • Fazer aquele cruzeiro turístico.
  • Ficar rico (risos...).
Quem 2013 seja um grande ano!
Abraços a tod@s que acompanharam este ano o blog, mesmo que distante e anonimamente.

Feliz 2013!
Primeira jabuticaba aqui de casa. O pé ainda está pequeno. 2013 promete mais frutos!

sábado, 24 de novembro de 2012

Temuco, Chile: seminário de turismo e museu ferroviário

Postado por Alexandre Panosso Netto e Tatiana L. S. Panosso

Seminário Internacional
Esta semana que passou estivemos em Temuco, sul do Chile. Uma cidade a 670 km de Santiago, com aproximadamente 270 mil hab.
Portal da UFRO.
O motivo da viagem foi a participação no Seminário Internacional Turismo de Intereses Especiales, organizado e realizado na Universidad de la Frontera (UFRO) sob a coordenação do prof. Dr. Hugo Zunino, um entusiasta do turismo e líder de um grupo de investigadores na temática. 
Dr. Zunino (de gravata) e parte da equipe de investigadores. Jaime, Pablo, Tatiana, Alexandre, Regina e Sandra (esquerda para direita).
O Alexandre foi um dos convidados internacionais, junto com a profa. Dra. Regina Schlüter, da Argentina. 
Dra. Regina Schlüter explicando os casos e descasos da pesquisa turística na América Latina.
Alexandre em sua explanação sobre os problemas teóricos e de segmentação do turismo.
Também estiveram com suas conferências os doutores Hugo Zunino, Rodrigo Figueroa Sterquel e Alejandro Espinoza, todos do Chile. O público participante por formado por investigadores, acadêmicos das mais diversas áreas, profissionais do turismo e gestores públicos. 
Drs. Rodrigo Figueroa, Regina Schlüter, Alexandre Panosso e Hugo Zunino com o Reitor Sergio Bravo (ao centro).
A abertura do evento foi feita pelo vice-reitor da UFRO, com a presença do reitor prof. Dr. Sergio Bravo Escobar.
Parte dos convidados e participantes profissionais do setor, logo após o encerramento do evento.
As discussões feitas em torno do tema de turismo de interesses especiais levam a crer que se trata de uma importante estratégia do governo chileno para promover a atração de turistas internacionais. Por outro lado, evidenciou-se que é uma ação centralizada e que às vezes se esquece que existem outros tipos de turismo que também são importantes para as comunidades receptoras, como o turismo de compras e o de sol e praia.
A possibilidade de aprendizagem foi válida, pois a grande quantidade de participantes e de opiniões e experiências ajudam a formar uma opinião sobre o tema e sobre as possibilidades do desenvolvimento dos vários segmentos do turismo. 
Destacamos que vimos de forma muito positiva o turismo indígena que por lá é feito. São as próprias comunidades que planejam e gestionam seus recursos decidindo se e quando receberão turistas e de que forma isso será feito. No Brasil, até onde temos visto, o turismo em regiões indígenas ainda está fora de cogitação. Seria este um bom tema a ser trabalho e investigado.

Museu Nacional Ferroviario Pablo Neruda
Logo após o término do seminário, Andres Salvadores Peña, diretor da Camara de Comércio, Servicios y Turismo de Temuco, nos levou para conhecer o Museu Nacional Ferroviario Pablo Neruda, do qual foi um dos idealizadores.
Uma das peças raras do museu. Esta máquina ainda funciona.
Trata-se de um complexo ferroviário preservado que contém 34 locomotivas antigas, que contam parte da história dos trens no Chile. Há espaço de exposição, oficinais, espaço das máquinas e exposições ao ar livre.
Os turistas podem contratar passeios em uma locomotiva a vapor (veja vídeo acima no youtube).
Quando lá chegamos essa locomotiva também chegava de sua viagem turística...
Havíamos, no evento, falado de turismo de experiência, e logo em seguida fomos brindados com esta verdadeira experiência. Além do mais foi inesperada.
Cockpit de uma verdadeira máquina e seu piloto...
Uma parcial do número de locomotivas existentes..
Por entre sol e portões, trens a vapor.
Uns do belos poemas de Neruda é "Trens del Sur", que em sua parte inicial diz:
"TRENES del Sur, pequeños
entre
los volcanes,
deslizando
vagones
sobre
rieles
mojados
por la lluvia vitalicia,
entre montañas
crespas
y pesadumbre
de palos quemados."

Neruda refere-se aos trens de Temuco, pois também viveu nesta cidade, onde, quando niño, conheceu a Gabrila Mistral e adotou definitivamente o pseudônimo de Pablo Neruda.
Locomotiva mais antiga do acervo (1908). Ainda funciona.
Todas as máquinas estão sendo restauradas a ponto de funcionaram novamente. Trata-se de um investimento do governo chileno que está preocupado com seu patrimônio cultural e histórico.
Outra criança. Uma japonesa, totalmente restaurada.
Andres Salvadores se mostrou um grande apoiador da cultura e do turismo de sua cidade e região. Os planos dele e de seu grupo são destacar Temuco como cidade de Neruda. Para isso pretendem restaurar a casa em que viveu Neruda, o liceu onde conheceu a Gabriela Mistral e o hotel onde esta viveu. Tudo isso terá atratividade turística, aliada aos demais bens e serviços turísticos da região da Araucanía.
Tudo isso vivemos em poucos dias. Ainda tivemos a possibilidade de visitar a região do vulcão Pucón, local no qual os professores da UFRO desenvolvem seus estudos de investigação e desenvolvimento turístico. 
Mas postar tudo aqui seria demasiado.  Quem sabe a próxima postagem seja sobre isso...

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Turismo de interesses especiais e outros "novos turismos"

Postado por Alexandre Panosso Netto

Os planejadores, gestores e profissionais do marketing turístico têm buscado nomes e definições um tanto amplas para os segmentos e setores do turismo. Um dos mais interessante dos últimos tempos que encontrei foi o de "turismo de interesses especiais" - TIE.
Abertura de minha conferência.
Trata-se de um termo, caracterização ou segmento do turismo, muito difundido no Chile, Argentina, Uruguai e Peru. Eu mesmo nunca vi ou ouvi o uso desse termo em congressos ou publicações no Brasil. Talvez por ignorância minha, pode ser. Bom, o fato é que no último Encontro Nacional de Turismo com Base Local, realizado em São Paulo, perguntei a muitos investigadores se eles sabiam do que se tratava e nenhum me disse o que seria tal denominação.
Alguns segmentos do turismo sob o 'guarda-chuva' do TIE.
Diz-se que o turismo de interesses especiais é um grande guarda-chuva que engloba outros segmentos de turismo, tais como o turismo sertanejo, turismo rural, turismo local, turismo de base comunitária, turismo educativo, turismo cultural, turismo para observação de pássaros, turismo verde... ou seja, parece que tudo o que não cabe no leque do turismo de sol e praia (ou turismo de massa), coloca-se no turismo de interesses especiais. 
Cartaz de divulgação.
É sobre isso que vou falar amanhã no seminário sobre TIE na Universidad de la Frontera, em Temuco, Chile. Os próprios colegas daqui sabem que o tema é um tanto controverso e que pode gerar críticas e muitos diálogos e investigação.
Entrada da Universidad de la Frontera
Minha abordagem será sobre o TIE e outros tipos de "novos turismos", ou seja, outras invenções, criações e invencionices do gênero. Pretendo discutir se esses segmentos turísticos de fato refletem uma necessidade dos consumidores ou se são apenas criações teóricas dos profissionais do marketing. Por fim, apresentarei o tema do turismo de experiência, que, mais do que um segmento, é um conceito que permeia grande parte dos produtos, serviços e mercado turístico de modo geral.
Enquanto o seminário não começa, estamos em várias reuniões na Universidade e também fizemos um city tour por Temuco, pois vale a pena manter a interlocução com o pessoal local.
Em breve, se tiver tempo e paciência, farei a postagem do seminário e da cidade (mas não prometo nada).
Enquanto isso, continuo revisando e atualizando minha palestra e provando alguns vinhos chilenos que não conhecia...
Entre letras, palavras e goles surge a inspiração

terça-feira, 20 de novembro de 2012

O Historical Archive on Tourism (HAT) está salvo

Postado por Alexandre Panosso Netto

O Historical Archive on Tourism (HAT), que estava na Freie Universität Berlin, e corria perigo de ser extinto por política universitária, está salvo. A notícia nos envia, em primeira mão, o prof. Dr. Hasso Spode, coordenador do HAT.
Prof. Hasso Spode mostrando-me alguma raridade dos estudos turísticos em minha primeira visita ao HAT.
Em 2011 estivemos com Dr. Spode em Berlim fazendo pesquisa no HAT (veja postagem aqui). Trata-se de um arquivo documental iniciado por um dos maiores investigadores do turismo que a história conta que já existiu, o prof. Dr. Robert Glücksmann (1877-1942). São mais de 35 mil documentos que estavam em mais ou menos 500 metros de estantes.
Com a eminência de ser fechado, em 25 de outubro de 2011, iniciamos uma campanha virtual pedindo a manutenção do arquivo (campanha aqui). Os resultados não evitaram que o HAT fosse fechado, mas ao menos impediram o seu desmantelamento e divisão para ser vendido em partes.
Agora o arquivo está na Technische Universität Berlin e terá cerimônia de reabertura em 29 de novembro próximo. Tá todo mundo convidado.
Parabéns ao prof. Spode por seu trabalho e empenho. Os investigadores continuam com mais esta possibilidade de pesquisa no vasto campo do turismo.
Convite para a reabertura do HAT em 29 de novembro de 2012
Abaixo a mensagem publicada em inglês sobre o tema, originária da pena do prof. Spode.

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Good News: Historical Archive on Tourism (HAT) saved
Last year the Freie Universität Berlin placed its tourism archive into storage in over a thousand boxes.
Since then extensive negotiations took place about the future fate of this unique collection. In this connection, the numerous protest emails from all over the world were very helpful – thanks again! Meanwhile we found a solution, and indeed a very good solution: The archive is moving to the Technische Universität Berlin where it will become part of the Center for Technology and Society and of the Center for Metropolitan Studies. The archive is now situated right in the heart of the City West. The Willy-Scharnow-Foundation continues to support it; its new official name reads “Historisches Archiv zum Tourismus (Willy-Scharnow-Archiv)”.
The funding does not, however, allow for more than limited service so that further fund raising is needed. But by January 2013 most of the sources will be accessible again (visits only according to prior agreement). Already on the 29th of November 2012 there will be an opening ceremony - those who happen to be in the German capital at that time are cordially invited to join that event.
Hasso Spode (hat@hist-soz.de).

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

XII Encontro Nacional de Turismo com Base Local - 2012

Postado por Alexandre Panosso Netto




1. O guia de turismo expôs, de forma entusiasmada, como ajudou a uma pequena comunidade de pescadores do litoral de São Paulo a se inserir e a trabalhar com turismo na época da proibição da pesca.
2. A estudante de pós-graduação em turismo apresentou, de forma veemente e indignada, como a pequena comunidade da ilha a 40 minutos de Belém estava sendo invadida -  e destruída - pelo turismo massificado e sem planejamento algum.
3. O experiênte professor doutor, de uma das mais renomadas IES de ensino de turismo do país, apresentou um estudo desenvolvido em conjunto com sua orientanda de mestrado sobre a criação de uma estrada parque na Amazônia.
Um dos grupos de trabalho de ontem à tarde no XII ENTBL.
As apresentações acima são alguns poucos exemplos das investigações expostas no dia de ontem, nos grupos de trabalho do XII ENBTL (aqui também) que vai até amanhã. Está sendo realizado no Sesc Consolação, no Centro de São Paulo.
O ENTBL há 15 anos tem reunido profissionais, estudantes, professores, pesquisadores, etc., que estão preocupados com as práticas turísticas em nosso país e mundo afora.
No site oficial, a parte da história do evento diz que 
"este se caracteriza como um dos mais relevantes eventos acadêmicos de temática turística do Brasil e da América do Sul. O primeiro ENTBL foi organizado em 1997, sob a iniciativa e coordenação da Professora Adyr Balastreri Rodrigues, sendo realizado em maio de 1997, no Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP)."
É fato que trata-se de um evento que muito tem contribuído para a discussão das práticas turísticas desejáveis.
Colegas ao final de uma das apresentações, ontem à tarde.
Milhares de interessados já participaram de suas edições itinerantes pelas cidades e estados do Brasil. Foram 11 cidades e 11 estados diferentes, repetindo-se somente agora em 2012, em São Paulo, conforme exposto no site oficial e abaixo:
Edições do ENTBL
1997 São Paulo-SP
1998 Fortaleza-CE
1999 Manaus-AM
2000 Joinville-SC
2001 Brasília-DF
2002 Campo Grande-MS
2003 Ilhéus-BA
2004 Curitiba-PR
2005 Recife-PE
2007 João Pessoa-PB
2010 Niterói-RJ

Já participei de várias edições do ENTBL e o que mais me surpreendeu na atual foi a grande jovialidade e diversidade dos pesquisadores e pesquisadoras. É um pessoal que vem tanto das capitais como dos lugares mais distantes dos grandes centros brasileiros. São pessoas que trabalham na Caatinga, no Cerrado, na Floresta Amazônica, nas comunidades caiçaras de nosso largo litoral, em minúsculas ilhas olvidadas, ao pé de serras, no fundo de vales, em sítios arqueológicos, em pequenos povoados, etc.
Uma visão animadora sobre o trabalho desses profissionais pairou sobre mim ontem. Fiquei exultante em comprovar mais uma vez que há um grande público trabalhando com os menos favorecidos;  trabalhando pela inclusão social por meio do turismo; desenvolvendo as mais sustentáveis ações turísticas.
Sabemos que muito trabalho ainda há para ser feito. Mas compreender a grandiosidade do que ainda está por vir é um dos passos necessários.
Posso até ter uma visão romântica e utópica sobre o tema, mas creio que o ENTBL, e as práticas e teorias lá discutidas, ajudam a viabilizar o turismo mais inclusivo, correto, responsável, ético, sustentável e mais humano que almejamos.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

VII Jornada de Lazer e Turismo da EACH-USP

Postado por Alexandre Panosso Netto

Começou nesta tarde a VII Jornada de Lazer e Turismo da EACH-USP.
Trata-se de um evento pensado, coordenado e elaborado pelos alunos do curso de Lazer e Turismo. São dois os objetivos da Jornada. O primeiro é a aprendizagem e o envolvimento dos acadêmicos com a organização de eventos. O segundo é a própria aprendizagem dos conteúdos que são abordados.
Prof. Luiz Trigo na palestra de abertura.
Este ano a Jornada tem como tema "Diversidade cultural no Brasil" e busca criar um diálogo entre a academia e o mercado, de forma a discutir temas atuais no segmento.
O evento está sendo realizado nos auditórios da EACH-USP e vai de 5 a 7 de novembro.

A conferência de abertura do evento está sob a responsabilidade do prof. Dr. Luiz Gonzaga Godoi Trigo, que aborda o tema das "Civilizações e o turismo". 

A programação deste ano pode ser acessado no Facebook ou aqui.
Fotos e notícias das versões passadas podem ser acessadas clicando nos anos: 2011; 2010; 20092008; 20072006.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Ao professor educador

Postado por Alexandre Panosso e Tatiana Panosso

Neste dia 15 de outubro nos curvamos em reverência ao professor educador.
Para nós, o professor educador é aquele que mostra o caminho, ensina a caminhar, acompanha os passos iniciais do aprendiz. Ele é mais do que professor.
Educador é o que não pune pelo erro, mas sim realça os acertos.
Educador não é o que sabe tudo, mas o que sabe que vale a pena errar.
Educador não é o que diz "este é o caminho certo", mas o que diz "este é um dos caminhos".
Educador não é o que aceita a transgressão ingenuamente, mas sim o que valoriza a transgressão criativa.
Educador não se preocupa só em rechear o seu currículo.
Educador não é o que se sente humilhado por não saber, mas sim o que se sente valorizado com a possibilidade de aprender.
Educador é o que dá a mão, oferece um livro, divide uma dúvida.
Educador é o que é contra a ignorância e luta pela liberdade de ideias.
Educador é o que permite o riso, o choro, a divergência de pensamentos.
Aquele que abre portas, escancara janelas, destelha ilusões.
Aquele que rompe e ao mesmo tempo valoriza os ritos e mitos conscientemente.
Aquele mestre que não se autointitula. Aquele que tem aprendizes de forma natural.
Nos curvamos a este ser que está em nosso meio, sem muitas vezes ser notado e valorizado.
Conhecemos muitos professores que não educam, mas não conhecemos um só educador que não ensine, por isso nossa reverência.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Projeto: Cidade constitucional e a capital da república VI - EACH-USP


Texto e fotos por Tatiana Lima Sarmento Panosso

A ideia deste projeto vem das mãos do professor Dr. Marcelo Arno Nerling, do curso de Gestão de Políticas Públicas da EACH-USP, que há seis anos seguidos leva e acompanha alunos da USP a Brasília durante a semana da pátria. O objetivo é estimular o contato e convívio com entidades do poder executivo, legislativo e judiciário.
O trabalho e a dedicação ao projeto demonstram uma excelência no enriquecimento e conhecimento proporcionados aos alunos da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. É importante dizer que durante todas as edições do projeto o professor pode contar com professores apoiadores dentro da Universidade e que também abraçaram a ideia, como é o caso do professor Dr. Douglas Andrade do curso de Ciências da Atividade Física, que nos acompanhou em 2012.
De sua primeira edição em 2007, até a última, da qual participei, muitos aperfeiçoamentos foram feitos e o sucesso adquirido. O objetivo inicial do projeto era de que ele tornasse um projeto nacional e não apenas da Universidade de São Paulo e a partir de 2013 assim será sob a coordenação do professor idealizador. As especificações e as “normas” de como isso ocorrerá serão pensadas por Nerling e pela Escola de Administração Fazendária, parceira do projeto, que receberá os alunos de todo o Brasil em suas instalações a partir de agora.

Prof. Dr. Marcelo Nerling registrado o evento.
Para saber, em linhas, gerais, no que consiste o projeto e quais foram as atividades desenvolvidas neste ano, segue a experiência que vivi, dia a dia, durante os 7 dias do programa.

1º dia – Chegar a Brasília: de início um tour básico para se localizar, incluindo a praça dos três poderes, o palácio do planalto e por fim se instalar na ESAF (www.esaf.fazenda.gov.br) e conhecer os arredores da Escola. As instalações e a hospitalidade são excelentes.

2º dia (manhã) – Conversa com Dr. Alexandre Motta sobre a função que a ESAF tem no governo federal, como órgão integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, subordinado ao Ministro de Estado da Fazenda selecionando e capacitando tecnicamente servidores para o desempenho de funções na gestão das finanças públicas em todo o país.



2º dia (tarde)VI Seminário USP-ENAP - Escola Nacional de Administração Pública – ENAP que colabora e participa de todas as edições do projeto. A conversa nesta escola versou sobre a Lei 12.527/11 que regula o acesso a informação e como está ocorrendo sua implementação dentro da instituição.


Criada em 1986, a Fundação é uma escola de governo, do Poder Executivo federal, que oferece formação e aperfeiçoamento em Administração Pública a servidores públicos federal e é vinculada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.


Após a palestra, nos dirigimos até a Catedral de Brasília (Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida), contemplamos sua arquitetura. Foi projetada por Niemeyer e inaugurada em 1970, foi o primeiro monumento criado em Brasília. São dezesseis colunas que formam uma hipérbole. O campanário à esquerda da foto foram doados pela Espanha e o altar doado pelo papa Paulo VI.

Dentro da catedral estão estes três anjos suspensos que juntos pesam mais de 600 quilos.

 O interior da catedral.

2º dia (noite) – Curso proporcionado por professores da ESAF intitulado PNEF (Programa Nacional de Educação Fiscal) que versa sobre educação fiscal e preparo para a cidadania, ministrado por Fabiana Feijó de Oliveira Baptistucci.


Durante a explanação tratou-se de temas como ação educativa, educação financeira, democracia participativa, controle social, relações do fisco com a sociedade, função social do tributo entre outros.

3º dia (manhã) – A visita foi ao Ministério dos Esportes e a fala dos palestrantes versaram sobre temas relacionados à Copa do Mundo e às Olimpíadas de 2016. O governo vem se organizando para a Copa do Mundo através da Secretaria de Grandes Eventos. Sabe-se que a Copa do Mundo é uma excelente oportunidade para fortalecer a imagem do Brasil no mundo, para mobilizar o país. De acordo com dados da própria secretaria, presume-se que 3,5 milhões de pessoas assistirão aos jogos, 204 países terão representantes da mídia, o país receberá 800 mil turistas e gerará 800 mil empregos e isso. As ações do Ministério, em linhas gerais, estão relacionadas à aproximação e interação com as entidades, adoção de plano de metas e pontos de controle, apoio e manutenção das seleções, ampliação do bolsa-atleta e investimentos na construção e recuperação de instalações esportivas. Dentre os temas estavam: Bolsa-atleta (com categorias, metas, preparação, pólos de cidades esportivas); Programa de Esporte e Lazer nas Cidades – PELC e Vida saudável.
Joel Benin (coordenador das Câmaras Temáticas da Copa) abordando temas relacionados aos mega eventos esportivos sediados no Brasil
3º dia (tarde) – Na Controladoria Geral da União – Órgão de Controle Interno do Poder Executivo Federal, responsável também pela Correição, pela Prevenção e Combate à Corrupção e pela Ouvidoria – os temas abordados referiram-se à prevenção da corrupção que tem por diretrizes promover a transparência, promover a educação para a ética e a cidadania, estimular o controle social, fortalecer o marco legal, fortalecer a gestão pública, estabelecer a cooperação público-privado e articulação com o setor empresarial. Em seguida a palestra foi sobre Lei de Acesso a Informação Pública - LAI.


E por fim, Adenisio Alvaro Oliveira de Souza, analista de Finanças e Controle, palestrou sobre A Efetividade do Controle Social e a Construção da Cidadania.


À noite, na ESAF, continuamos com o curso sobre educação fiscal. A palestra transcorreu sobre temas relacionados à receita, despesa, controle, política fiscal, suas conectividades com o mundo jurídico, com o direito e com as leis. Antonio Henrique L. Baltazar, Auditor-Fiscal da RF, fez uma contextualização histórica –jurídica – econômica para justificar o dever de pagar impostos e garantir direitos.

4º dia (madrugada) – Palácio da Alvorada para ver, viver e sentir... a alvorada.

O nascer do sol, por volta das 6:30 da manhã.

4º dia (manhã/tarde) – Câmara dos Deputados – Centro de Formação da Câmara dos Deputados – CEFOR. Visita Guiada Congresso Nacional e Senado – Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa.

Neste momento ouvimos assessores dos deputados fazerem a exposição sobre as funções/ atividades de um deputado. Por exemplo, questões relacionadas ao processo legislativo, sistema bicameral, iniciativa das leis, comissões permanentes da câmara dos deputados – entre elas a de legislação participativa e CPI e tipos de propositora legislativa.
Após o almoço, participamos de uma visita guiada no Congresso Nacional.

As participantes do projeto em frente à Galeria Histórica das Deputadas Federais 1933-2011 
Por questões de segurança não é possível fotografar “amadoramente” a Câmara dos Deputados e o Senado. Ambos estavam em sessões ordinárias e discutiam temas relacionados a cotas nas universidades, porém a plenária de ambos estava esvaziada e a justificativa foi a de que participavam naquele momento de comissões internas das quais eram membros.
Na seqüência, fomos recebidos pelo senador Paim, conhecemos a comissão de direitos humanos e foram levantados temas relacionados à saúde, trabalho, liberdade sexual, salário mínimo, política de cotas. Paim, durante sua fala, nos deixou uma mensagem para reflexão “O homem público defende causas e não coisas”.
A mesa de trabalhos foi composta pelo professor Douglas, o senador Paim e professor Nerling (da esquerda para direita).

Antes de terminar o dia, havia ainda, em nossa programação a confirmação da visita e do modo de funcionamento do Ministério da Justiça, estávamos lá no horário marcado e uma secretaria nos informou que a pessoa que falaria conosco não estava e que o espaço reservado para a delegação (éramos em 70), cabia apenas 24 pessoas. Fim da história, não houve visita e nem palestra e esse foi o nosso único inconveniente durante todos os dias de atividades.
  E para fazer um bom trocadilho, mas sem nenhuma mensagem subliminar, a noite acabou em pizza.

5º dia (manhã) - Caixa Econômica Federal e Banco Central.
Na CEF, apreciamos o átrio dos vitrais criados por Lourenço Heilmer, que retrata o povo, os costumes, a cultura, a economia dos estados brasileiros. São 24 vitrais no total.


Em seguida, fomos ao BC e lá conhecemos o Museu de Valores que conta a história do dinheiro.

A imagem acima foi a que mais me impressionou. São cédulas de um, dois, cinco, dez, vinte, cinqüenta e cem reais trituradas por não estarem mais em condições de circulação. O painel  diz que “em 2008 foram destruídas 1.506.259.975 cédulas inservíveis. A reposição desse numerário ao meio circulante custou ao país R$153.198.295,35” e no final do painel a mensagem é muito simples e que a população não observa. O valor total de dinheiro triturado é de R$1.056.000,00.
Na seqüência participamos de uma conversa com Marcio Antonio Estrela sobre as funções dos bancos centrais – resumidamente está relacionada à garantia da estabilidade de preços –, política  monetária, crise financeira.
  
5º dia (tarde) - Secretaria Nacional de Articulação Social da Secretaria-Geral da Presidência da República e Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial – SEPIR.

Na primeira parte, Pedro de Carvalho Pontual, diretor do Departamento de Participação Social, conversou com o grupo sobre a “Participação cidadã e a educação popular, experiência do governo brasileiro”. Abordou temas relacionados a democracia representativa e participativa, participação social como um direito e a participação social como método de governo.

Uma das abordagens feita por Pontual nessa conversa.

Flor do jardim da Secretaria-Geral da Presidência da República.

Depois do café e na mesma tarde, fomos para a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial – SEPIR. Lá, o tema foi sobre igualdades raciais no Brasil. A abordagem versou sobre o estatuto da igualdade racial, lei nº 12.288/10 e também sobre renda, educação, saúde, trabalho domestico remunerado, habitação e saneamento, juventude e violência, segundo a cor da pele. Com base nos dados apresentados nos foram apresentados os seguintes programas:

- Programa Brasil Quilombola – PBQ;

- Programa Brasil Afirmativo – PBA;

- Programa de Enfrentamento à Violência contra a Juventude Negra;

- Sistema de Monitoramento e Avaliação das Políticas de Promoção da Igualdade Racial; e

- Cooperação internacional.


Mário Lisboa Teodoro (secretário-executivo de políticas de promoção da igualdade racial) e Prof. Nerling.

 

6º dia – Independência do Brasil – desfile de 7 de setembro, com o título “Brasil, um pais de oportunidades”.

Foi o momento mais emocionante da programação. Estávamos todos ansiosos por ele e foi assim.  

1. Chegada da Presidente da República à tribuna presidencial;

...

Composição da tribuna de honra


2. Hino Nacional e da Independência;

3. Início do desfile;

Pedido de autorização para iniciar o desfile

4. Desfile escolar das regiões nordeste, sul, sudeste, norte e contro-oeste;

5. Desfile militar, das escolas de formação de oficiais, da marinha do Brasil, do exército, da força aérea, tropas motorizadas, mecanizadas e blindadas, das tropas a cavalo;

Durante as três horas de desfile, passou pelos meus olhos, o seguinte:

...

Pirâmide humana do batalhão de política do exercito de Brasília.


Desfile escolar – Região Sul


parte da nossa comitiva, de camisas verdes

Hipomóveis

6. Honras militares

7. Encerramento com direito ao show da esquadrilha da fumaça.


7º dia e último – Mais um pouquinho de turismo e sem compromissos “oficiais”.
 A cidade vista do mirante da torre de TV.

Ponte JK – Lago Paranoá. 


O projeto foi muito proveitoso. Tratou-se de uma experiência única que fez com que eu mudasse de opinião sobre vários temas e saísse da reprodução do senso comum. Todas as conversas foram úteis para se pensar políticas públicas e pudemos ver muitas delas desenhadas nas etapas do ciclo.
Tenho apenas uma observação a fazer. A lamentável atitude do Ministério da Justiça, apontada acima, que de maneira nenhuma tirou o brilho e o sucesso do projeto.
A próxima  edição contará com universitários de todo o país que poderão vivenciar experiências tão ou mais especiais quanto a minha.
Agradeço ao curso de Gestão de Políticas Públicas da EACH-USP a oportunidade. Agradeço também, e em especial, ao prof. Dr. Nerling idealizador e realizador do projeto que proporciona a dezenas de acadêmicos anualmente a compreensão de algo dos meandros da gestão e da política da capital da república.