sábado, 24 de novembro de 2012

Temuco, Chile: seminário de turismo e museu ferroviário

Postado por Alexandre Panosso Netto e Tatiana L. S. Panosso

Seminário Internacional
Esta semana que passou estivemos em Temuco, sul do Chile. Uma cidade a 670 km de Santiago, com aproximadamente 270 mil hab.
Portal da UFRO.
O motivo da viagem foi a participação no Seminário Internacional Turismo de Intereses Especiales, organizado e realizado na Universidad de la Frontera (UFRO) sob a coordenação do prof. Dr. Hugo Zunino, um entusiasta do turismo e líder de um grupo de investigadores na temática. 
Dr. Zunino (de gravata) e parte da equipe de investigadores. Jaime, Pablo, Tatiana, Alexandre, Regina e Sandra (esquerda para direita).
O Alexandre foi um dos convidados internacionais, junto com a profa. Dra. Regina Schlüter, da Argentina. 
Dra. Regina Schlüter explicando os casos e descasos da pesquisa turística na América Latina.
Alexandre em sua explanação sobre os problemas teóricos e de segmentação do turismo.
Também estiveram com suas conferências os doutores Hugo Zunino, Rodrigo Figueroa Sterquel e Alejandro Espinoza, todos do Chile. O público participante por formado por investigadores, acadêmicos das mais diversas áreas, profissionais do turismo e gestores públicos. 
Drs. Rodrigo Figueroa, Regina Schlüter, Alexandre Panosso e Hugo Zunino com o Reitor Sergio Bravo (ao centro).
A abertura do evento foi feita pelo vice-reitor da UFRO, com a presença do reitor prof. Dr. Sergio Bravo Escobar.
Parte dos convidados e participantes profissionais do setor, logo após o encerramento do evento.
As discussões feitas em torno do tema de turismo de interesses especiais levam a crer que se trata de uma importante estratégia do governo chileno para promover a atração de turistas internacionais. Por outro lado, evidenciou-se que é uma ação centralizada e que às vezes se esquece que existem outros tipos de turismo que também são importantes para as comunidades receptoras, como o turismo de compras e o de sol e praia.
A possibilidade de aprendizagem foi válida, pois a grande quantidade de participantes e de opiniões e experiências ajudam a formar uma opinião sobre o tema e sobre as possibilidades do desenvolvimento dos vários segmentos do turismo. 
Destacamos que vimos de forma muito positiva o turismo indígena que por lá é feito. São as próprias comunidades que planejam e gestionam seus recursos decidindo se e quando receberão turistas e de que forma isso será feito. No Brasil, até onde temos visto, o turismo em regiões indígenas ainda está fora de cogitação. Seria este um bom tema a ser trabalho e investigado.

Museu Nacional Ferroviario Pablo Neruda
Logo após o término do seminário, Andres Salvadores Peña, diretor da Camara de Comércio, Servicios y Turismo de Temuco, nos levou para conhecer o Museu Nacional Ferroviario Pablo Neruda, do qual foi um dos idealizadores.
Uma das peças raras do museu. Esta máquina ainda funciona.
Trata-se de um complexo ferroviário preservado que contém 34 locomotivas antigas, que contam parte da história dos trens no Chile. Há espaço de exposição, oficinais, espaço das máquinas e exposições ao ar livre.
Os turistas podem contratar passeios em uma locomotiva a vapor (veja vídeo acima no youtube).
Quando lá chegamos essa locomotiva também chegava de sua viagem turística...
Havíamos, no evento, falado de turismo de experiência, e logo em seguida fomos brindados com esta verdadeira experiência. Além do mais foi inesperada.
Cockpit de uma verdadeira máquina e seu piloto...
Uma parcial do número de locomotivas existentes..
Por entre sol e portões, trens a vapor.
Uns do belos poemas de Neruda é "Trens del Sur", que em sua parte inicial diz:
"TRENES del Sur, pequeños
entre
los volcanes,
deslizando
vagones
sobre
rieles
mojados
por la lluvia vitalicia,
entre montañas
crespas
y pesadumbre
de palos quemados."

Neruda refere-se aos trens de Temuco, pois também viveu nesta cidade, onde, quando niño, conheceu a Gabrila Mistral e adotou definitivamente o pseudônimo de Pablo Neruda.
Locomotiva mais antiga do acervo (1908). Ainda funciona.
Todas as máquinas estão sendo restauradas a ponto de funcionaram novamente. Trata-se de um investimento do governo chileno que está preocupado com seu patrimônio cultural e histórico.
Outra criança. Uma japonesa, totalmente restaurada.
Andres Salvadores se mostrou um grande apoiador da cultura e do turismo de sua cidade e região. Os planos dele e de seu grupo são destacar Temuco como cidade de Neruda. Para isso pretendem restaurar a casa em que viveu Neruda, o liceu onde conheceu a Gabriela Mistral e o hotel onde esta viveu. Tudo isso terá atratividade turística, aliada aos demais bens e serviços turísticos da região da Araucanía.
Tudo isso vivemos em poucos dias. Ainda tivemos a possibilidade de visitar a região do vulcão Pucón, local no qual os professores da UFRO desenvolvem seus estudos de investigação e desenvolvimento turístico. 
Mas postar tudo aqui seria demasiado.  Quem sabe a próxima postagem seja sobre isso...

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Turismo de interesses especiais e outros "novos turismos"

Postado por Alexandre Panosso Netto

Os planejadores, gestores e profissionais do marketing turístico têm buscado nomes e definições um tanto amplas para os segmentos e setores do turismo. Um dos mais interessante dos últimos tempos que encontrei foi o de "turismo de interesses especiais" - TIE.
Abertura de minha conferência.
Trata-se de um termo, caracterização ou segmento do turismo, muito difundido no Chile, Argentina, Uruguai e Peru. Eu mesmo nunca vi ou ouvi o uso desse termo em congressos ou publicações no Brasil. Talvez por ignorância minha, pode ser. Bom, o fato é que no último Encontro Nacional de Turismo com Base Local, realizado em São Paulo, perguntei a muitos investigadores se eles sabiam do que se tratava e nenhum me disse o que seria tal denominação.
Alguns segmentos do turismo sob o 'guarda-chuva' do TIE.
Diz-se que o turismo de interesses especiais é um grande guarda-chuva que engloba outros segmentos de turismo, tais como o turismo sertanejo, turismo rural, turismo local, turismo de base comunitária, turismo educativo, turismo cultural, turismo para observação de pássaros, turismo verde... ou seja, parece que tudo o que não cabe no leque do turismo de sol e praia (ou turismo de massa), coloca-se no turismo de interesses especiais. 
Cartaz de divulgação.
É sobre isso que vou falar amanhã no seminário sobre TIE na Universidad de la Frontera, em Temuco, Chile. Os próprios colegas daqui sabem que o tema é um tanto controverso e que pode gerar críticas e muitos diálogos e investigação.
Entrada da Universidad de la Frontera
Minha abordagem será sobre o TIE e outros tipos de "novos turismos", ou seja, outras invenções, criações e invencionices do gênero. Pretendo discutir se esses segmentos turísticos de fato refletem uma necessidade dos consumidores ou se são apenas criações teóricas dos profissionais do marketing. Por fim, apresentarei o tema do turismo de experiência, que, mais do que um segmento, é um conceito que permeia grande parte dos produtos, serviços e mercado turístico de modo geral.
Enquanto o seminário não começa, estamos em várias reuniões na Universidade e também fizemos um city tour por Temuco, pois vale a pena manter a interlocução com o pessoal local.
Em breve, se tiver tempo e paciência, farei a postagem do seminário e da cidade (mas não prometo nada).
Enquanto isso, continuo revisando e atualizando minha palestra e provando alguns vinhos chilenos que não conhecia...
Entre letras, palavras e goles surge a inspiração

terça-feira, 20 de novembro de 2012

O Historical Archive on Tourism (HAT) está salvo

Postado por Alexandre Panosso Netto

O Historical Archive on Tourism (HAT), que estava na Freie Universität Berlin, e corria perigo de ser extinto por política universitária, está salvo. A notícia nos envia, em primeira mão, o prof. Dr. Hasso Spode, coordenador do HAT.
Prof. Hasso Spode mostrando-me alguma raridade dos estudos turísticos em minha primeira visita ao HAT.
Em 2011 estivemos com Dr. Spode em Berlim fazendo pesquisa no HAT (veja postagem aqui). Trata-se de um arquivo documental iniciado por um dos maiores investigadores do turismo que a história conta que já existiu, o prof. Dr. Robert Glücksmann (1877-1942). São mais de 35 mil documentos que estavam em mais ou menos 500 metros de estantes.
Com a eminência de ser fechado, em 25 de outubro de 2011, iniciamos uma campanha virtual pedindo a manutenção do arquivo (campanha aqui). Os resultados não evitaram que o HAT fosse fechado, mas ao menos impediram o seu desmantelamento e divisão para ser vendido em partes.
Agora o arquivo está na Technische Universität Berlin e terá cerimônia de reabertura em 29 de novembro próximo. Tá todo mundo convidado.
Parabéns ao prof. Spode por seu trabalho e empenho. Os investigadores continuam com mais esta possibilidade de pesquisa no vasto campo do turismo.
Convite para a reabertura do HAT em 29 de novembro de 2012
Abaixo a mensagem publicada em inglês sobre o tema, originária da pena do prof. Spode.

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Good News: Historical Archive on Tourism (HAT) saved
Last year the Freie Universität Berlin placed its tourism archive into storage in over a thousand boxes.
Since then extensive negotiations took place about the future fate of this unique collection. In this connection, the numerous protest emails from all over the world were very helpful – thanks again! Meanwhile we found a solution, and indeed a very good solution: The archive is moving to the Technische Universität Berlin where it will become part of the Center for Technology and Society and of the Center for Metropolitan Studies. The archive is now situated right in the heart of the City West. The Willy-Scharnow-Foundation continues to support it; its new official name reads “Historisches Archiv zum Tourismus (Willy-Scharnow-Archiv)”.
The funding does not, however, allow for more than limited service so that further fund raising is needed. But by January 2013 most of the sources will be accessible again (visits only according to prior agreement). Already on the 29th of November 2012 there will be an opening ceremony - those who happen to be in the German capital at that time are cordially invited to join that event.
Hasso Spode (hat@hist-soz.de).

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

XII Encontro Nacional de Turismo com Base Local - 2012

Postado por Alexandre Panosso Netto




1. O guia de turismo expôs, de forma entusiasmada, como ajudou a uma pequena comunidade de pescadores do litoral de São Paulo a se inserir e a trabalhar com turismo na época da proibição da pesca.
2. A estudante de pós-graduação em turismo apresentou, de forma veemente e indignada, como a pequena comunidade da ilha a 40 minutos de Belém estava sendo invadida -  e destruída - pelo turismo massificado e sem planejamento algum.
3. O experiênte professor doutor, de uma das mais renomadas IES de ensino de turismo do país, apresentou um estudo desenvolvido em conjunto com sua orientanda de mestrado sobre a criação de uma estrada parque na Amazônia.
Um dos grupos de trabalho de ontem à tarde no XII ENTBL.
As apresentações acima são alguns poucos exemplos das investigações expostas no dia de ontem, nos grupos de trabalho do XII ENBTL (aqui também) que vai até amanhã. Está sendo realizado no Sesc Consolação, no Centro de São Paulo.
O ENTBL há 15 anos tem reunido profissionais, estudantes, professores, pesquisadores, etc., que estão preocupados com as práticas turísticas em nosso país e mundo afora.
No site oficial, a parte da história do evento diz que 
"este se caracteriza como um dos mais relevantes eventos acadêmicos de temática turística do Brasil e da América do Sul. O primeiro ENTBL foi organizado em 1997, sob a iniciativa e coordenação da Professora Adyr Balastreri Rodrigues, sendo realizado em maio de 1997, no Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP)."
É fato que trata-se de um evento que muito tem contribuído para a discussão das práticas turísticas desejáveis.
Colegas ao final de uma das apresentações, ontem à tarde.
Milhares de interessados já participaram de suas edições itinerantes pelas cidades e estados do Brasil. Foram 11 cidades e 11 estados diferentes, repetindo-se somente agora em 2012, em São Paulo, conforme exposto no site oficial e abaixo:
Edições do ENTBL
1997 São Paulo-SP
1998 Fortaleza-CE
1999 Manaus-AM
2000 Joinville-SC
2001 Brasília-DF
2002 Campo Grande-MS
2003 Ilhéus-BA
2004 Curitiba-PR
2005 Recife-PE
2007 João Pessoa-PB
2010 Niterói-RJ

Já participei de várias edições do ENTBL e o que mais me surpreendeu na atual foi a grande jovialidade e diversidade dos pesquisadores e pesquisadoras. É um pessoal que vem tanto das capitais como dos lugares mais distantes dos grandes centros brasileiros. São pessoas que trabalham na Caatinga, no Cerrado, na Floresta Amazônica, nas comunidades caiçaras de nosso largo litoral, em minúsculas ilhas olvidadas, ao pé de serras, no fundo de vales, em sítios arqueológicos, em pequenos povoados, etc.
Uma visão animadora sobre o trabalho desses profissionais pairou sobre mim ontem. Fiquei exultante em comprovar mais uma vez que há um grande público trabalhando com os menos favorecidos;  trabalhando pela inclusão social por meio do turismo; desenvolvendo as mais sustentáveis ações turísticas.
Sabemos que muito trabalho ainda há para ser feito. Mas compreender a grandiosidade do que ainda está por vir é um dos passos necessários.
Posso até ter uma visão romântica e utópica sobre o tema, mas creio que o ENTBL, e as práticas e teorias lá discutidas, ajudam a viabilizar o turismo mais inclusivo, correto, responsável, ético, sustentável e mais humano que almejamos.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

VII Jornada de Lazer e Turismo da EACH-USP

Postado por Alexandre Panosso Netto

Começou nesta tarde a VII Jornada de Lazer e Turismo da EACH-USP.
Trata-se de um evento pensado, coordenado e elaborado pelos alunos do curso de Lazer e Turismo. São dois os objetivos da Jornada. O primeiro é a aprendizagem e o envolvimento dos acadêmicos com a organização de eventos. O segundo é a própria aprendizagem dos conteúdos que são abordados.
Prof. Luiz Trigo na palestra de abertura.
Este ano a Jornada tem como tema "Diversidade cultural no Brasil" e busca criar um diálogo entre a academia e o mercado, de forma a discutir temas atuais no segmento.
O evento está sendo realizado nos auditórios da EACH-USP e vai de 5 a 7 de novembro.

A conferência de abertura do evento está sob a responsabilidade do prof. Dr. Luiz Gonzaga Godoi Trigo, que aborda o tema das "Civilizações e o turismo". 

A programação deste ano pode ser acessado no Facebook ou aqui.
Fotos e notícias das versões passadas podem ser acessadas clicando nos anos: 2011; 2010; 20092008; 20072006.