Postado por
Alexandre Panosso Netto
A seguinte postagem é o resumo de minha apresentação em um dos painéis de discussão do congresso Centenário do Turismo em Portugal-1911-2011 (Lisboa, 12 a 16 de maio de 2011 - veja postagem anterior). (http://www.centenariodoturismo.org).
Também está sendo publicado concomitantemente em:
http://boletin-turistico.com/blogs/itemlist/user/167-alexandrepanosso
Esta proposta surgiu há algum tempo a partir de encontros com outros colegas do turismo do mundo lusófono. Ela representa, em parte, um pouco do anseio e do pensamento deste grupo que está buscando se organizar e articular, no sentido de fortalecer os laços de cooperação e união entre nós.
Segue um breve RESUMO da apresentação:
“A minha pátria é a língua portuguesa”
Fernando Pessoa, poeta português.
“Para encontrar o azul eu uso pássaros”
Manoel de Barros, poeta brasileiro.
A língua portuguesa hoje é falada no mundo por cerca de 240 milhões de pessoas. Em número absoluto de falantes está entre o quinto e o sétimo idioma mais falado, dependendo da análise feita. É a terceira língua européia mais falada mundialmente. Na internet é o sétimo idioma mais utilizado e de acordo com estudos de previsão demográfica, em 2050 serão 335 milhões de falantes deste idioma (http://diario.iol.pt/sociedade/lingua-portuguesa-portugues-ensino-governo-alunos/972503-4071.html). O berço do idioma é Portugal, mais específicamente na parte norte e também em parte do que hoje é a região da Galícia, na Espanha. Se espalhou pelo mundo no período das grandes navegações. Talvez por esta razão, Portugal seja o único país da Europa que tem o português como idioma oficial.
São oito países que tem o português como seu primeiro idioma (isso não significa dizer que é o único), sendo também oficial. Eles são os Estados-Membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP (www.cplp.org): Angola - 12,5 milhões
Brasil - 191,9 milhões
Cabo Verde - 491,638 mil
Guiné-Bissau - 1,5 milhões
Moçambique - 21,2 milhões
Portugal - 10,6 milhões
São Tomé e Príncipe - 206 mil
Timor-Leste - 1,1 milhões
Além desses países, o português também é oficial em Macao (540 mil habitantes) (juntamente com o Chinês) e na Guiné-Equatorial (620 mil habitantes) (junto com o espanhol e o francês). Acredita-se que existam ainda outros 5 milhões de falantes de português que estão espalhados pelo mundo. Como pode-se perceber, é um idioma espalhado por cinco continentes, portanto, portador de riqueza cultural e histórica muito diversificada
Para divulgar a cultura e estreitar os laços de cooperação entre tais regiões, existem algumas associações, sendo a mais representativa delas a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP (www.cplp.org). Para difundir a Língua Portuguesa e facilitar o seu ensino e aprendizagem, a CPLP criou o Instituto Internacional da Língua Portuguesa – IILP (http://www.iilp-cplp.cv/). O correto uso da norma culta, sua padronização, seu uso científico, sua inserção internacional, valorização das expressões culturais e artísticas e a facilitação das relações econômicas também motivou a revisão da língua por meio do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. O acordo já está em vigor, com a ratificação de Brasil, Cabo Verde, Portugal e São Tomé e Princípe. Outros países da CPLP ainda estudam sua ratificação. Outra organização importante que atua, de certa forma promovendo a Língua Portuguesa e a lusofonia, é a Associação das Universidades de Língua Portuguesa-AULP. Fundada em 1986, em Praia, Cabo Verde, a AULP promove a integração e coorperação entre as universidades e é uma preciosa ferramente na integração da comunidade lusa (www.aulp.org).
A “Declaração de Luanda”, de 2002, da AULP, propôs a criação do “Espaço Lusófono do Ensino Superior” – ELES, nos moldes do Espaço Europeu do Ensino Superior. A ela somou-se, em 2004, a “Declaração de Fortaleza”, da CPLP, com os mesmo objetivos.
Com essas breves linhas introdutórias, venho propor algo que sinto que muitos colegas investigadores do turismo na lusofonia buscam: o estabelecimento da “Rede lusófona de investigadores de turismo” – LUSATUR.
Essa integração entre os investigadores será importante e terá os seguintes pontos positivos:
- Ampliação e unificação do conhecimento entre o grupo envolvido;
- Formação de laços de cooperação e união;
- Elevação do grupo de língua portuguesa no cenário internacional do turismo;
- Valorização da Língua Portuguesa;
- Posicionamento do grande grupo de investigadores e alcance de melhores condições de publicação e divulgação das idéias do turismo na lusofonia;
- Possibilidade de investigações em conjunto, com temas locais e com resultados que poderiam ser extrapolados para outros destinos, mantendo-se as devidas especificidades;
- Intercâmbio de conhecimentos;
- Ajuda mútua.
A LUSATUR seria responsável pelas seguintes ações imeditas:
· Realização de congressos na lusofonia;
· Criação de uma home page, no formato wiki, para construir uma plataforma que possa hospedar as propostas dos interessados, além é claro, de deixar evidente a proposta de integração e os caminhos necessários para se alcançarem os objetivos. A plataforma receberá propostas e será o “ponto de encontro virtual” de tal grupo;
· Criação urgente da “Revista Lusófona de Turismo”, em plataforma open access, virtual, em língua portuguesa, seguindo todos os padrões de qualidade internacional;
· Criação de uma lista de discussão via email, no formato da TRINET ou da lista do google, para os interessados no ensino e na investigação em turismo na lusofonia (o idioma oficial da lista será o português);
· Identificação dos temas chaves de investigação em turismo na lusofonia;
· Buscar apoio na AULP e na CPLP para o desenvolvimento de suas estratégias, ações e eventos e;
· Buscar divulgar em cada Ministério de Turismo (ou responsável pelo turismo) dos países da lusofonia suas ações, projetos e objetivos.
Outras ações seriam necessárias para a concretude de tal proposta, tais como seguem (algumas já foram relacionadas na “Declaração da Praia”):
1. Caracterizar cada um dos países do grupo no quesito ensino e investigação em turismo.
2. Devido a questões conjunturais as universidades brasileiras e portuguesas, e seus investigadores interessados, devem assumir o compromisso de serem os líderes nesta ação.
3. Colocar em prática dos acordos bilaterais já existentes entre as universidades lusófonas.
4. Assumir, de fato, a língua portuguesa com oficial nos encontros do grupo e em suas publicações oficiais. Para maior divulgação poderá se optar por um segundo ou terceiro idioma, a ser definido futuramente.
Até onde já foi investigado, entendimentos para a integração já existem, porém ainda faltam as ações práticas. A burocracia, às vezes tão necessária, mostra-se com um impecilho neste momento para ações imediatas. A falta de recursos financeiros é outro limitador. Quiçá, a LUSATUR venha facilitar a tomada de decisões e seja verdadeiramente representativa de seus associados.
Não temos o direito esperar, devemos ajudar a construir este momento. Não podemos prever o futuro em seus pormenores, mas ao menos podemos transformá-lo e criá-lo.
Referências
CPLP. Acordo de Cooperação entre Instituições de Ensino Superior dos Países-Membros da CPLP. (Disponível em www.cplp.org).
NETO, António Burity da Silva, GENRO, Tarso, MARTINS, Filomena de Fátima Ribeiro Vieira et al. Declaração de Fortaleza. Declaração dos Ministros responsáveis pelo Ensino Superior da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Rev. Lusófona de Educação, 2005, no.5, p.187-188. (Disponível em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/rle/n5/n5a11.pdf). PORTUGAL DIÁRIO. Somos 240 milhões de falantes. 16 de julho de 2008. (Disponível em: http://diario.iol.pt/sociedade/lingua-portuguesa-portugues-ensino-governo-alunos/972503-4071.html).
UNIVERSIDADE DE CABO VERDE; UNIVERSIDADE DO ALGARVE. Relatório Final do Seminário “Desenvolvimento Sustentável no Turismo - O ensino e a investigação na CPLP”. Praia-Cabo Verde, 18 de Junho de 2010.
Sites
Associação das Universidades de Língua Portuguesa-AULP (www.aulp.org).
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP (www.cplp.org).
Instituto Internacional da Língua Portuguesa – IILP (http://www.iilp-cplp.cv/).