A Semana Santa em toda a Espanha, grande centro de devoção católica, é mais do que um acontecimento religioso. Trata-se de um ato cultural, antropológico. Obviamente que não vamos fazer esse tipo de análise nesta postagem, mas sim contar um pouco dos dois dias de procissões dos quais participamos em Valladolid nesta semana.
Em Valladolid, segundo ouvimos, essa história se repete todos os anos, há aproximadamente 500 anos.
Povo que se aglomera para ver a procissão passar.
O desenrolar dos fatos consiste em que cada confraria faça a sua própria procissão com os seus "pasos".
Abaixo vídeo da banda que abriu a primeira procissão que vimos.
Neste caso, confraria significa grande grupo de devotos de um santo, de uma santa, de uma causa. Pode ser de São José, de Santa Maria, dos trabalhadores do comércio, de professores, do Sagrado Coração, etc.
Abaixo vídeo da banda que abriu a primeira procissão que vimos.
Neste caso, confraria significa grande grupo de devotos de um santo, de uma santa, de uma causa. Pode ser de São José, de Santa Maria, dos trabalhadores do comércio, de professores, do Sagrado Coração, etc.
Grande grupo de até duas, três mil pessoas. Nem todos os membros da confraria desfilam, pois seria muita gente e a procissão se prolongaria muito, mas sim apenas algumas centenas: 500, 600, ou até 1000 pessoas...
Montados nos cavalos estão os que abrem a procissão.
Crianças também participam.
Esses encapuzados até botam medo. Lembram os das procissões de Minas Gerais e Goiás.
Outra visão dos "confrades".
Os "pasos" são as imagens que representam passagens bíblicas, geralmente do Novo Testamento e relacionados aos acontecimentos que antecederam a morte de Cristo na Cruz.
As procissões podem ter vários pasos, depende de confraria e da organização dada. As fotos acima e abaixo são da "Procesión del traslado del Santísimo Cristo de los Trabajos", ocorrida em 17 de abril e realizada pela "Cofradia de las Siete Palabras".
Pasme, a imagem carregada acima data de 1610. É uma escultura toda em madeira, feita pelo grande artista Gregório Fenández (1576-1636), escultor expoente da escola de Valladolid. Ou seja, os pasos saem das igrejas somente uma vez ao ano, são obras de arte sacras.
Acima e abaixo imagem do "Santíssimo Cristo dos Trabalhos", de Gregório Fernandéz (1610).
No dia 18 também fomos ver a saída dos pasos da procissão do Santíssimo Rosário da Dor da igreja penitencial de Santa Vera Cruz.
O povo também se aglomerou na rua.
Foram seis pasos que saíram:
1. "La oración del huerto", (Andrés Solanes, 1629).
2. "El Señor atado a la columna" (Gregório Fernandéz, 1619)- acima e abaixo.
3. "Ecce-Homo" (Gregorio Fernandéz, 1620) - acima e abaixo.
4. "Camino del Calvario" (Gregorio Fernandéz, 1614) - acima e abaixo.
5. "la crucifixión del Señor" (Taller vallisoletano, 1650)
6. "Nuestra Señora de la Santa Vera Cruz" (Gregorio Fernandéz, 1623).
As atividades religiosas aqui em Valladolid nesta semana são intensas. São inúmeras procissões, que inclusive ocorrem concomitantemente.
Ontem seria a procissão maior, com 32 pasos de todas as confrarias... seria, pois choveu. E quando chove, as obras não podem sair à rua.
Um outro item interessante é que há várias igrejas de conventos que são fechadas o ano todo para o público, mas que abrem na quinta e na sexta feira santa para visitação. Verdadeiras obras de arte dos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX. Também fomos visitar algumas, que estavam lotadas, mesmo com a intensa chuva que insistia em cair.
Não pudemos ver todas, pois o tempo é pouco e são muitas.
Ps.: Agradecemos aos amigos Felix Tomillo e Maria Colomo pelas aulas de arte sacra desta semana. Foram eles que nos acompanharam nas procissões que assistimos.
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