segunda-feira, 25 de julho de 2011

Hegemonia anglófona nos estudos turísticos na atualidade

Publicado por Alexandre Panosso Netto

A presente postagem foi motivada pela leitura do artigo, recém publicado, do prof. Graham M. S. Dann, intitulado Anglophone hegemony in tourism studies today (Enlightening Tourism. A Pathmaking Journal, 01, 2011, p. 1-30. (Disponível em: http://uhu.es/publicaciones/ojs/index.php/et/article/viewFile/1017/1521)

O artigo do prof. Dann, deixa muito claro que existe uma centralização das publicações em turismo em idioma inglês e que os pesquisadores que tem esse idioma como materno, desconsideram publicações em outras áreas (há exceções, é claro!).
Logo após a leitura, troquei alguns e-mails com o prof. Dann para comentar o cenário apresentado. Segundo ele, o que o 'chateia' mais, é o fato de que muitos pesquisadores anglo saxões só trabalharem com o idioma inglês, sem se importarem com o que está sendo produzido em outros idiomas e regiões fora dos países anglo saxões.
Uma triste realidade.
Creio que para os pesquisadores lusófonos, ou até mesmo ibéricos, as possíveis ações, frente a situação apresentada, podem ser:
1) Aprender inglês e ter o domínio total do idioma - tal qual um nativo - para ser utilizado como uma ferramenta, buscando inserção no contexto internacional da investigação em turismo;
2) Continuar publicado somente em seu idioma materno, buscando construir pesquisas e textos que sejam tão bons e originais que editoras que publicam em inglês se interessem em traduzi-los;
3) Fortalecer a investigação em seu idioma materno, como forma de valorizar a sua cultura, sua história, seu povo (se preocupando ou não com a grande realidade internacional);
4) Não se importar com isso e continuar fazendo o seu "meio de campo" em sua localidade e produzindo somente investigação com propósitos locais, sem anseios internacionais e;
5) "Hã?"....
6) Outras...

Até que ponto as investigações que autores brasileiros (é a realidade que melhor conheço e da qual faço parte, por isso falo dela) produzem, podem ser transpostas para outras realidades? Podem ser úteis para outros pesquisadores tais resultados publicados? Estamos "antenados" com as publicações em nossa área - em outros idiomas - ou só vemos o que está em português? Etc...
Sei que o tema pode dar muito "pano pra manga", mas é necessário discutir isso. 

Não tenho respostas, mas muito mais perguntas. Perguntas bem feitas abrem portas....

PS.: Recomendo também o livro:  Dann, G. and Liebman Parrinello, G. The Sociology of Tourism: European Origins and Developments. Bradford: Emerald Press, 2009. (Especialmente a parte em que se discute a supremacia do idioma inglês nos estudos turísticos).

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