quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Sobre o dia em que Alejandro Fernández nos convidou para conhecer o Condado de Haza e seu vinho Pesquera

Postado por Alexandre Panosso Netto e Tatiana L. S. Panosso
Como algum leitor deste blog já deve ter percebido, em nossa estadia na Espanha para estudos, um de nossos hobbies tem sido o conhecimento dos vinhos espanhóis, principalmente os da denominação de origem (D.O) Ribera del Duero.
Abaixo Peñafiel. Foto tirada do ponto mais alto do castelo de mesmo nome.
Na Ribera del Duero, está o pueblo de Peñafiel, histórico, de origem medieval. Ali também estão inúmeras vinícolas de fama mundial, tais como Vega Sicilia (considerado um dos melhores do mundo e o melhor da Espanha), Protos, Arzuaga e Pesquera. Hoje vamos falar deste último.
Vides no Condado de Haza.
Pesquera adquiriu fama mundial pelo labor de seu fundador, Alejandro Fernández, e de sua família. Fernández é um verdadeiro mito vivo do vinho mundial. Recentemente ele esteve no Brasil, e foi notícia na Folha de São Paulo - aqui - e também aqui. A Mistral é quem importa seus vinhos e tem a relação de preços no Brasil). Veja outra qualidade dele aqui.
Enoturismo: amantes do bom vinho fazem degustação de um Pesquera.
É conhecidíssimo por seus vinhos de guarda de grande qualidade. Seus produtos são consumidos em 70 países! Muitos sabem de sua capacidade de produzir grandes vinhos, mas nem todos têm a oportunidade de conhecer a simplicidade, a generosidade e a afabilidade deste senhor, inevitavelmente com aparência de bom vovô.
Alejandro nos conta as dificuldades para construir seu Château.
Recentemente tivemos a oportunidade de conhecê-lo em uma prova de vinhos em Valladolid (veja postagem anterior aqui) e imediatamente ele nos convidou para, no dia seguinte, irmos conhecer duas de suas marcas: Pesquera e Condado de Haza; e o melhor: nos convidou para um almoço em seu Château, em Condado de Haza.
Vista geral a partir da parte superior do Condado. As árvores ao fundo são as margens do rio Duero, ou a Ribera del Duero.
Assim foi feito. Quem nos recebeu, após conhecermos a vinícola Pesquera com um grupo de visitantes, foi a senhora Esperanza, esposa de Fernández, e o Carlos Herrera Inés, da família e do departamento comercial.
Félix, Dona Esperanza, Tatiana e Carlos.
De Pesquera seguimos ao Condado de Haza, distante uns 20 minutos de carro. Estávamos em estradinhas do interior.
Paisagem outonal
A paisagem é do interior da Espanha, com casas antigas, moradias novas, intermeadas por vinhedos, rios, pequenos bosques, montes, planícies e pequenas áreas agricultáveis ou de reserva ambiental.
Entrada do Condado de Haza.
O Condado de Haza tem a formação de um Château francês, com o castelo no centro, e os campos com videiras ao seu redor. São 220 hectares de vides; em sua maioria com a variedade Tempranillo.
Dom Alejandro Fernández nos recepciona na entrada de seu condado.
Ao chegarmos no Condado fomos conhecendo outros funcionários e membros da família de Fernández. Tivemos a sorte de que um clube de vinhos estava fazendo uma degustação com um grupo de enoturistas, e após a recepção de Fernández, todos fomos ao restaurante, passando pelas dependências do, digamos, Château.
Daria para nadar num desses...
O almoço foi festivo. Havia umas 40 pessoas, amantes dos bons vinhos e da boa comida. Constou de 5 itens, e cada prato era acompanhado por um vinho diferente.
Forno a lenha.
Após cada vinho ser servido, por Olga Fernández Riverauma das filhas de Alejandro e Esperanza, o próprio Alejandro explicava as características do que íamos provar.
Olga Fernández nos serviu.
Todos estavam excelentes, mas chamou a atenção um vinho único, branco, envelhecido 24 meses em barricas, que pode tranquilamente acompanhar pratos de carne vermelha.
Alejairén: branco envelhecido, raro na Espanha. É quase um tinto.
 Numa cata às cegas, alguém pode achar que o vinho branco é tinto. Vale a pena provar este.
El Vínculo, como segundo vinho.
Depois seguimos com aperitivos da terra, com um vinho mais elaborado...
Este acompanhou os pimentões recheados...
Depois de três vinhos, comida excelente e boa conversa, o Alexandre já se sentia em casa, e foi até ajudar a servir.
Alexandre pensando que estava em casa...
O lechazo, cordeiro pequeno, que só se alimentou com leite, foi servido assadinho e acompanhado com um Pesquera 2003.
Não sabemos dizer qual foi o melhor, mas este estava ótimo!
A. Fernández ficava andando entre as mesas, escutando as opiniões sobre os vinhos, e contando histórias de sua longa vivência com o tema.
História de vinhos era o tema...
O tema do enoturismo é tão forte por aqui, que neste dia havia um grupo de pessoas de várias cidades espanholas visitando o Condado e o Grupo Pesquera. Em nossa mesa, havia uma família que havia viajado 600km de carro para passar dois dias pela região. A viagem era um presente de aniversário para a filha do casal. 
Vista geral da festa.
Alenza (Alejandro e Esperanza), vinho para a sobremesa.
Ao final todos queriam comprar os vinhos para levar, pois estavam com ótima relação preço benefício.
Loja cheia.
Além de vinhos, Alejandro ainda produz azeite, queijos e jámon, este último só para consumo próprio. Além disso o "autor" ainda assina as garrafas de vinho aos que lhe pedem. É como um escritor autografar seu livro.
Alejandro entrega garrafa autografada.
Ao final do dia, e da visita, ainda tivemos tempo de trocar idéias sobre a Espanha e escutar mais histórias. Nosso amigo Félix agradeceu a hospitalidade e parabenizou a Alejandro pela qualidade de seus vinhos e pelo trabalho especial que desenvolve.
Félix em conversa ao pé do ouvido.
O fato é que Alejandro Fernández se mostrou muito hospitaleiro, simples, conhecedor de meio mundo, orgulhoso de seus vinhos, consciente de seu trabalho e humilde frente ao que representa. Empresário de visão.
E como não poderia deixar de ser, nós também compramos de seus vinhos, que estão autografados, e irão conosco ao Brasil. Nossos amigos que gostam de vinhos, vão provar também!


Deixamos nosso agradecimento especial a Alejandro Fernández e à Esperanza, pela excelente recepção que nos ofereceram. Esperamos voltar em breve, ou quem sabe nos encontrar no Brasil. A casa estará aberta!

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