Postado por Alexandre Panosso Netto
É novidade que a crise aérea brasileira ainda não terminou? Creio que não! Quando lançamos o livro “Cenários do turismo brasileiro”, em 2009, (Editora Aleph), com o prof. Luiz Trigo, já escrevemos:
“A denominada “crise aérea” ou “caos aéreo”, termo pelo qual a imprensa nacional preferiu identificar a sequência de fatos desastrosos que se abateram sobre a aviação comercial brasileira nos anos de 2006, 2007 e 2008, tem uma presumível data de seu início e não tem data prevista para terminar.” (p.108)
Bom, é isso o que temos visto nos últimos dois dias e meio: um grande problema para os passageiros nos aeroportos brasileiros. Os problemas apontados para os inúmeros atrasos são de ordem trabalhista, mudança de sistema, escalonamento de funcionários, etc... Tudo se justifica, mas quem mais sobre, mais uma vez, é o passageiro!
"Dezembro de 2006 – A família paulistana acompanha aflita pela televisão o caos aéreo brasileiro. Os quatro decidiram conhecer a Amazônia brasileira e suas passagens já estão marcadas. Estão em dúvida se vão ao aeroporto, pois as notícias não são boas. Com o voo marcado para as 14horas, pouco antes das 12 decidem ir, pois nada pode estragar a festa de fim de ano. Ao chegarem ao aeroporto, se deparam com o caos total – filas enormes nos guichês da principal companhia aérea nacional, gente gritando, outros chorando, empurra-empurra, overbooking pra todo lado. Escolhem uma fila; duas horas e meia depois, descobrem que o avião que iria para Brasília e depois Manaus não tem mais lugar. A jovem passageira grita com a atendente e exige uma recolocação em outra aeronave “só se for para dormir em Brasília!”. Aceitam a oferta. Check-in feito no momento em que o sistema de som do aeroporto avisa: “pedimos calma a todos; suspenderemos o check-in por tempo indeterminado, pois os aviões estão atrasados... já temos 9 mil pessoas nas salas de embarque, contamos com a colaboração...”nesse momento, carrinhos de malas são arremessados, passageiros desconsolados invadem as posições, os atendentes da companhia somem. Repórteres tentam os melhores ângulos de imagem... a situação está descontrolada. É quase meia-noite quando entram na aeronave. Chegam a Brasília de madrugada. Mais duas horas para decidir o que fazer. Uma van é disponibilizada para levá-los a um hotel. O voo para Manaus é remarcado para as 12 horas do dia seguinte. Este parte no horário. Ao chegar a Manaus, com um dia de atraso, o hotel, como que não sabendo do caos aéreo, havia cancelado as reservas. Choro, brigas, “nada posso fazer, estamos lotados”, afirma o recepcionista. Saem em busca de outro hotel. “País de merda!”, é o que pensa o patriarca da família. Mas não diz, seria muito deselegante.” (p. 107-108)."
Nossa previsão, ao encerrar o capítulo do livro sobre a crise aérea foi:
“O período entre 2009 e 2010 será decisivo para a aviação comercial brasileira. Certamente será pródigo em fatos, competições entre empresas e mudanças táticas e estratégicas (públicas e privadas) na área. (p. 121).
Mas falo a verdade: gostaria que estivéssemos errados à época quando previmos que a crise não havia terminado...
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