domingo, 21 de novembro de 2010

Trens turísticos e culturais

Postado por Alexandre Panosso Netto
Quem não gosta de andar de trem?
A ferrovia, surgida na década de 1820, na Inglaterra, mudou o mundo e está entre as invenções humanas mais formidáveis.
Talvez George Stephenson, "o pai dos caminhos de ferro", mal imaginava que a sua "Locomotion", inaugurada em 1825, afetaria significativamente a vida de todos dali para a frente. Além do mais, foi também a ferrovia que, digamos, ajudou a "inventar" o turismo (sim, o turismo foi inventado - falamos disso depois).
Alguns historiadores apontam que já em 1850 a Europa tinha 150 mil km de trilhos, o mesmo número que os EUA na época.
E como é bom andar de trem na Europa, hein?! (claro, menos na Itália, onde os trens são caros, não há informações, existem atrasos e se você deixar de "carimbar" o boleto nas maquininhas amarelas paga 40 euros de multa...).
Estação "Pisa Centrale" - Pisa, Itália.


Na Espanha os trens são ótimos. De Madrid a Valadollid, algo como 190 km, leva-se apenas 56 minutos no AVE (trem de alta velocidade - 250 km/h -  confira em www.renfe.es).
Na Inglaterra, então, nem se fala. A qualidade dos serviços é muito boa.
Tatiana, no conforto do trem em Londres.

Na Nova Zelândia a qualidade surpreende também. O "Overlander", que corta o National Park (de Wellington a Auckland) é um passeio ótimo. A visita a Kaikura é coroada com a observação de baleias e o Tranz Alpine, de Christchurch a Greymout (http://www.tranzscenic.co.nz) é um trajeto de beleza natural fenomenal. Sem explicação.
Estação no National Park - Nova Zelândia.
Por aqui não temos andando de trem frequentemente, mas uma viagem interessante é a do "Trem da Morte", na Bolívia. Muitas curvas, assentos duros, falta de qualidade, etc., tudo o que justifica o seu apelido. Pelo menos era assim na década passada...

"Trem da morte" (de Quijarro a Santa Cruz de La Sierra - Bolívia). No tempo em que eu tinha coragem e cabelos...
Já no Brasil...
Bem, no Brasil o trem não teve a mesma felicidade. Depois de um bom desenvolvimento no início do século XX, tudo ficou às moscas, ao tempo e ao sabor dos políticos de plantão.
Mas nem tudo está perdido!
Entrando no túnel no trecho Curitiba-Moretes.

Hoje temos, segundo a ABOTTC - Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos Culturais (http://www.abottc.com.br), 23 trens turísticos e culturais em operação, conforme a lista abaixo:
1. Serra Verde Express (PR)
2. Trem dos Imigrantes (SP)
3. Bonde dos Imigrantes (SP)
4. Trem Estrada Real (RJ)
5. Trem do Vinho (RS)
6. Trem do Forró (PE)
7. Trem das Termas (SC)
8. Trem das Águas (MG)
9. Bonde Monte Serrat (SP)
10. Trem do Corcovado (RJ)
11. Estrada de Ferro Campos do Jordão (SP)
12. Trem da Serra do Mar (SC)
13. Maria Fumaça Jaguariúna (SP)
14. Trem da Serra da Mantiqueira (MG)
15. Maria Fumaça SESC de Grussaí (RJ)
16. Trem Ouro Preto - Mariana - CVRD (MG)
17. Estrada de Ferro Oeste de Minas (MG)
18. Great Brazil Express (PR)
19. Campos do Jordão a Santo Antônio do Pinhal (SP)
20. Pantanal Express (MS)
21. Trem Rubi (SC)
22. Expresso Jundiaí (SP)
23. Expresso Mogi (SP)


O interesse pelos trens acaba criando também o segmento do turismo ferroviário, que não envolve apenas passeios de trens, mas também a visita a museus temáticos, congressos e exposições. O turismo ferroviário também é uma das opções do turistas adeptos da slow travel: tendência mundial de visitar menos e curtir ao máximo os destinos visitados. Outra tendência é a de viajar apenas por chão, sem utilizar o avião -  e aí o trem é o meio de transporte preferido.
Trem em Tiradentes - MG. Eu era estudante de turismo (e na foto "maquinista").

Não conheço muitos desses trens brasileiros destacados acima, talvez 5 ou 6, mas o que eu mais gostaria de conhecer é o do Trem do Pantanal, batizado de Pantanal Express. Desde o milênio passado, quando eu vivia em Campo Grande-MS e era estudante de turismo, ouvia falar desse passeio, que na época estava desativado. Há pouco tempo voltou a funcionar, de forma limitada, me contaram, mas ainda não tive oportunidade de experimentar.

Para os que desejam saber mais, com reflexões teóricas, indico um texto no qual o tema foi tratado com propriedade: TOMELIN, Carlos Alberto. Turismo ferroviário. In: PANOSSO NETTO, Alexandre; ANSARAH, Marília Gomes dos Reis. Segmentação do mercado turístico: estudos, produtos e perspectivas. Barueri: Manole, 2009. p. 487 – 504.

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