terça-feira, 2 de novembro de 2010

A campanha política no Brasil em 2010 e o turismo

Postado por Alexandre Panosso Netto

Nós gostamos de política. Também gostamos de turismo.
Por esses motivos acompanhamos com atenção as eleições em nosso país este ano. Dentre os temas de sempre - educação, segurança, saúde - não vimos menção alguma sobre o turismo por parte dos candidatos à presidência - nenhum deles, nem no primeiro nem no segundo turno. Também aqui em São Paulo não vimos os candidatos ao governo estadual tocarem no tema.

Porque isso ocorre? Temos uma teoria.
O turismo, por ser considerado um valor supérfluo na sociedade, se abordado numa corrida eleitoral, pode passar a idéia de que o candidato só se preocupa com os mais "ricos". Além do mais, ainda não existe uma compreensão do verdadeiro significado do turismo em nossa sociedade. Explicamos.
Se o candidato abordasse o tema do turismo poderia dar a idéia de que "viajar, passear, ter lazer", seria mais importante do que temas urgentes como as enchentes, a poluição, o trânsito caótico, a falta de segurança, de escolas e hospitais públicos.

Acreditamos que os temas urgentes devem ter prioridade dos governos, mas não podemos descuidar dos outros aspectos da sociedade. Se tivermos melhor educação formal, melhor qualidade de vida, melhor saúde, melhores ganhos salariais, voltaremos nossos olhos para outras necessidades, tais como a cultura geral, o estudo de idiomas, a gastronomia, o lazer e o turismo. Portanto, conforme já escrevemos 

"o turismo é o reflexo e o espelho do que a sociedade decide ser. Suas formas de vestir, de ver o mundo, de buscar conhecimentos, de valorizar ou não a cultura, criar e seguir modismos, etc., tudo isso definirá a forma como fazemos e a forma como vemos o turismo. Devemos entender, de uma vez por todas, que a sociedade, seus grupos sociais e o turismo são faces da mesma moeda." (O que é turismo, 2010, p. 113-114).

O grande erro é ver o turismo desconectado da sociedade em que ele se desenvolve. É ver o turista como um ser estranho, diferente do cidadão comum. 
Deveríamos ter em mente que a prática do turismo também deveria ser um direito - ao menos emergente -  do cidadão, assim como o lazer também é. Mas, em um país tão diverso como o Brasil, esse direito - ou possibilidade - ainda está ao alcance de poucos (ainda que o número de turistas internos tenha crescido extraordinariamente nos últimos 8 anos - isso é fato).

Se o turismo gera renda, emprega, oferece melhores condições de vida, cremos que mereceria ao menos alguma menção nos planos de governo. Isso não aconteceu, infelizmente.
Com a eleição da presidente Dilma, a Política Nacional de Turismo tende a ser mantida no mesmo rumo e aperfeiçoada, o que é um ponto positivo e motivo de aplauso.

Todavia ainda falta, por parte do estado, uma ação mais forte e apoio mais claro e direto para os pequenos municípios que estão distantes dos grandes mercados emissores do turismo nacional. 
Além disso, vemos que os desafios do turismo que estão relacionados nos planos nacionais de turismo ainda estão esperando solução, entre eles a diversificação e ampliação da oferta turística; o entendimento da complexidade do setor de turismo; falta de infra-estrutura específica; educação formal integrada e articulada para a área; falta de mão-de-obra técnica especializada e; pouca fiscalização do setor.

Que nossa nova presidente seja feliz na escolha de seus assessores e que entre eles estejam técnicos conhecedores profundos de suas áreas. 

Torcemos também para que o direcionamento da política nacional de turismo esteja nas mãos de pessoas cada vez mais competentes e interessadas no verdadeiro desenvolvimento do setor e que cada vez mais pessoas tenham condições de praticar o turismo em nosso país de forma justa, ética e com responsabilidade em todas as suas dimensões.

Nenhum comentário: